Carl Winterblood

O novo médico chegara no trem das 9 da manhã, usava um terno marrom e gravata preta, e, como todo forasteiro em uma cidade pequena, imediatamente chamou a atenção de todos na estação. 

Se esforçou para não parecer embaraçado com a situação, e tratou logo de exibir o sorriso mais encantador que se poderia exibir numa situação como aquela, mas de pouco adiantou, pois as pessoas não se animaram a retribuir.

Os moradores mais antigos não gostavam dos forasteiros, achavam que eles não eram merecedores de morar na montanha por não serem filhos dela, ou seja, por não serem filhos de um morador dela, mas Carl Winterblood fora nomeado pelo governador, então não tinha outra escolha a não ser assumir seu posto. Ele sabia que não seria fácil, e imaginava como receberiam - e respeitariam - um médico que ainda não completara 25 anos, e que apenas tivera contato com os pacientes nos tempos de faculdade, supervisionado por um professor.

Pelo que conseguiu apurar na capital, a mais de cinco anos nenhum médico aceitara residir na montanha, pois, afirmavam, era um lugar frio, isolado, e com moradores difíceis de lidar. O último, Louis Bott, abandonara o posto e pedira demissão sem dar maiores detalhes. Mas Carl não tinha escolha: como recém formado, não tinha um tostão sequer para montar um consultório, e tampouco influência para conseguir clinicar juntamente com algum médico renomado da capital.

A montanha era sua única alternativa, e ele estava disposto a encará-la.

4 comentários :: Carl Winterblood

  1. Muito linda crônica e,certamente,como tantos outros, deverá escalar a sua montanha...abração,chica

  2. Chica,

    Escalará sim, e muitas coisas o esperam por lá.

    Grande abraço.

  3. Entendo esse médico. Entendo perfeitamente.

  4. Marina,

    Quando não se tem opção, fica bem mais simples decidir o rumo a tomar.

    Abraços.

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