Alameda do Conde

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Há milênios ela estava ali, porém os homens que chegaram vários séculos depois acreditavam que a haviam construído. Até deram um nome a ela. Por mais ridículo que pudesse parecer, chamavam seus tortuosos caminhos de alameda, e, apesar de precisarem dela mais do que de qualquer outra, já que, se tinham de subir ou descer tinham de passar por ela, teimavam em maltratá-la, em esculpíila, em deixar que seus dejetos corressem por ela livremente (pelo menos até que Simon Santarot, um velhinho estranho, instalara as tubulações de saneamento básico), e em banhá-la de sangue depois das brigas mortais que volta e meia aconteciam. Não que ela achasse isso ruim. Não é agradável sustentar o peso de uma raça inútil que se acha dona do mundo. Quando um se vai mais cedo é um peso a menos para sustentar.

Mas não havia opção.

Então era ficar ali, esperando o dia em que a névoa, o frio e o isolamento os consumisse. Isso já acontecera uma vez, com uma tribo qualquer. Por que, então, não aconteceria de novo?

Era esperar. Ao contrário de todos os outros, ela não tinha pressa. Afinal, onde poderia ir?
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